quinta-feira, 21 de julho de 2011

Um por três

Um antigo ditado diz que, ao apontar o dedo para alguém, estamos apontando ao menos três para nós mesmos.

Refletindo sobre o tema da mensagem anterior, Cristianismo sem Cristo, façamos um pequeno apanhado sobre a história das igrejas "evangélicas" e algumas práticas do "neoevangelismo".

No início do século XVI, em meio às reformas e construções da Praça de São Pedro e outras regiões do Vaticano, em Roma, e de templos e monumentos que visavam demonstrar a glória da "Sancta Mater", bem como em negociações com banqueiros para Alberto de Brademburgo, "extra-oficialmente", obter o cargo de arcebispo, que o papa Leão X autorizou a venda de diversas indulgências. Mas, afinal, o que eram essas "indulgências"? A Igreja Católica claramente explica:

“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados.” (CIC, 1498) . 

Existem vários tipos de indulgências, entre as quais praticar obras pias e utilizar objetos de piedade, como explicam os católicos:


"Concede-se indulgência parcial ao fiel que usa devotamente objetos de piedade, como crucifixo ou cruz, terço, escapulário, medalha, bentos ritualmente* por qualquer sacerdote ou diácono. Se o objeto de piedade for bento pelo Sumo Pontífice ou por um Bispo, o fiel que usa com devoção esse objeto pode ganhar a indulgência plenária na solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, acrescentando a profissão de fé com qualquer fórmula aprovada. * Para benzer ritualmente objetos de piedade, o sacerdote ou diácono, conforme o uso do Ritual Romano sobre Bênçãos, observe as formas litúrgicas prescritas: notar que basta o sinal da cruz e que é conveniente acrescentar as palavras: “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (cf. Rit. Rom. Bênçãos nn. 1165 e 1182) Esta concessão vem assinalada na const. Apost. Indulgentiarum doctrina, normas 16 e 18. Fonte: http://www.duc-in-altum.com.br/Duc%20in%20altum!6.htm. 

Assim, papéis que remiam os pecadores, bem como "objetos de piedade", inclusive as famosas relíquias (verdadeiras ou falsas) eram comercializadas em larga escala e em vários locais por questões políticas , e, naturalmente, econômicas.

Escandalizados com tais práticas, muitos religiosos começaram a criticar tais questões, como um certo monge  conhecido como Martinho Lutero. Católico fervoroso, não podia permitir que sua amada Igreja estivesse mergulhada em tal corrupção e ganância.  


Da revolta de Lutero e seu posterior rompimento com a Igreja emergem as chamadas Igrejas Protestantes, nome que vem do protesto dos príncipes germânicos contra a autoridade papal. Várias cisões sofreu a Igreja católica neste contexto, inclusive a questão política de Henrique XVIII. A própria Igreja Católica reconhece esse momento como de crise moral e institucional, como se lê aqui. Dos rompimentos com a Igreja Católica neste período surgem igrejas que afirmam não seguiram mais a autoridade papal, mas sim as escrituras, daí, adorarem, mais tarde, a qualificação de "Evangélicas". Este adejtivo foi incorporado, inclusive, às igrejas que se originaram das teses de Lutero, chamadas luteranas.

Voltando à questão das indulgências, elas retiram a autoridade e a plenitude do perdão de Cristo e invalidam seu sacrifício, ao exigir "obras" para "completar o perdão", e, ainda, vão frontalmente contra os mandamentos divinos, ao atribuir a objetos o poder de conceder graça e perdão. 


Hoje, vemos com tristeza igrejas que se dizem "Evangélicas" fazerem bênção de objetos, como a Igreja Católica ainda faz, incentivando seus frequentadores a fazerem "sacrifícios", inclusive de ordem financeira, como fazia a Igreja Católica na época citada.

Essas igrejas apontam os erros do catolicismo, mas esquecem da regra "um por três". Três dedos apontam para elas. Para estes, que pregam uma coisa e fazem outra, que dizem seguir as escrituras mas as afrontam gravemente, cabem as palavras de Cristo :

Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;
E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi
Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo [...]
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.

Duras, mas necessárias são as palavras de Jesus Cristo. Meditemos sobre elas e aprendamos a julgar a nós mesmos antes de querer criticar os demais.




domingo, 17 de julho de 2011

Cristianismo sem Cristo


A charge acima relata, de forma simples, bem-humorada e direta o que infelizmente temos visto ocorrer com as igrejas que se dizem evangélicas. É  uma das muitas interessantes encontradas no site Portal Fiel, cuja leitura recomendamos em nossa lista.

Dizer-se evangélico é fácil, contudo, algumas pessoas tem esquecido do significado da palavra.
Evangelho, palavra vinda do grego ευαγγέλιον, lendo-se euangelion (eu, bom, -angelion, mensagem), literalmente  significa, portanto, "Boa mensagem". É a palavra de Deus, da qual deveríamos ser portadores.

Esta palavra, que devemos "ir e pregar",  é que Cristo é nosso Senhor e Salvador. Ele é filho do Deus vivo. Mas a verdade, como sempre, mais repele do que atrai as pessoas.

Estreita é a porta que leva à salvação, mas o que vemos é muitos enveredando pelas largas portas do erro, pregando um cristianismo sem Cristo. Ele mesmo já havia alertado contra tal pseudoevangelismo: "Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens". (Mateus 15:9).

Vale, para finalizar a reflexão, o alerta do apóstolo Paulo:
"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo"(Col.2:8).